segunda-feira, 8 de março de 2010

OITO DE MARÇO

Se não houvesse discriminação;
Se houvesse reconhecimento;
Se a igualdade não fosse ilusão;
Se houvesse mais sentimentos;
Se o amor puro e verdadeiro
Fosse dos homens reciprocidade;
Se a coragem do pioneiro
Habitasse o homem de verdade...

Se a paciência masculina
Chegasse aos pés da mulher;
Se a destreza de felina
Pudesse o homem entender;
Se o amor materno,
O ato de parir,
pudesse o homem moderno
também viver e sentir...

Se a violência desumana;
Se o estupro animalesco;
Se o assassinato dantesco
Vitimasse de forma insana
e comumente o homem.
Se o sofrimento de um amor
apaixonado corresse o mesmo trilho;
se o homem sentisse este amor
incomparável de criar um filho,
que desde pequenino viveu
perguntando pelo pai
que não conheceu.

Se os homens lembrassem
De que ignorando a mulher redentora
Verão na hora de morrer a imagem
De sua imaculada genitora.
Porque todos nós viemos da mulher;
Tem alma feminina a poesia que faço,
Mas, por não ter a igualdade que o caso requer,
Instituiu-se o dia 8 de março
Como o dia mundial da mulher.

Se renunciasse ao machismo
E ouvisse a mulher companheira
No seu sonoro “achismo”
Feminino e dos negócios matreira.
Se, afinal, a mulher com oportunidades
Chegasse ao poder da nação,
Muito provável é que a honestidade
Venceria a porcentagem de ladrões.

Se o homem renunciasse
Ao seu orgulho de macho,
Por certo fracassaria
O dia 8 de março,
E todos os dias da Terra
Seriam consagrados à mulher
E ao homem sem guerras.
Se o homem a entender vier...
Ele, entretanto só entende
Dos carinhos da mulher
E nada mais...

(08 de março de 1995)

Jeovah de Moura Nunes
(do livro publicado em 1996: "ÉS MULHER!"