sexta-feira, 30 de outubro de 2009

UM MURO EM NOSSAS VIDAS



Não o percebemos. Mas, estamos sempre construindo um muro em nossas vidas. Compramos um terreno e a primeira coisa a fazer é cercá-lo como se fosse uma tradicional obrigação em nossos interesses. Cercar um terreno é visivelmente anunciar ao mundo com palavras mudas: “isto é meu, façam o favor de não tocar no que é meu!”. Construímos nossas casas e fechamos todas as saídas e entradas com grades de ferro. Colocamos alarmes e ficamos atentos ao menor barulho em noites de insônia. Estamos constantemente imaginando um meio de melhorar nossa segurança. Temos vivido assim há milhares de anos. Os castelos da Idade Média dão um atestado de nossas preocupações em zelar pelo patrimônio, que pensamos possuir e ao final de tudo notamos que nada possuímos no planeta. Claro que esta conclusão chega sempre atrasada. Às vezes nem chega. Mesmo num leito de morte estamos agarrados aos nossos pertences, como se fizesse parte de nosso corpo. Como se aquilo resolvesse alguma coisa em nossa vida desde o nascimento.
Morte. Ninguém pensa nela. E quando pensa sempre o faz de maneira incorreta. Não leva a sério as palavras repletas de profundidade dos filósofos do passado. A morte também se transformou num muro inquestionável em nossas vidas. Não aceitamos esse muro imposto pelo alto. E de nada adianta não aceitar. Nós o teremos mais dias menos dias. O muro da morte não é sequer estudado com mais afinco pela moderna ciência, empinada em seus orgulhos de deuses gregos repletos de soluções. Soluções para tudo menos para a morte. Enfim, a humanidade com toda sua empáfia filosófica nem quer ouvir falar em morte, quando diariamente convive com ela. O homem constrói um muro imaginário em volta da palavra morte, e não ousa pronunciá-la nos momentos que mais necessita estar em sintonia com essa banalidade, a qual nada mais é do que uma transposição de mundos vibratórios. Este mundo é pesado, ar carregado de moléculas, sendo mais rarefeito na medida em que subimos na atmosfera. Outro mundo ainda sendo descoberto é o mundo submarino. Foi na água e da água que todos nós viemos e vivemos por muito tempo. Evoluímos para a terra firme e agora estamos empenhados em sair do planeta. Porém, a morte é a única e a verdadeira saída. Ela continua sem ser pesquisada no interesse de saber mais o que nos aguarda. Os cientistas têm receio de estudar a morte com mais interesse, porque envolve questões religiosas e isto é um fardo pesado em cada um de nós. Pesado porque tem sido ao longo de milhares de anos os motivos maiores de nossas desavenças no planeta. Guerras e mais guerras foram deflagradas em razão das religiões, quando estas vieram para pacificar e apontar um caminho para o entendimento da morte. Os cientistas também querem preservar seus nomes e seus interesses. Isto é, eles também construíram seus muros de vaidade. E então não querem cair no ridículo, porque informar, depois de muitas pesquisas, que a morte não existe acaba com a carreira endinheirada de muitos estudiosos.
Muitos batem no peito e dizem: - “Não acredito na vida depois da morte porque ninguém veio de lá para me informar”. Ora, nos Estados Unidos, país evoluído na medicina é comum as pessoas retornarem da morte e explicarem extasiadas o que viram, as pessoas com quem conversaram e outras tantas informações. Normalmente, as narrações são padronizadas: um túnel. Uma luz muito forte. Pessoas. Quase sempre parentes que informam não ter chegado a hora da transição daquela pessoa. E por isto ela necessita aceitar a volta. Quase sempre as pessoas que passam por essa experiência, chamada cientificamente de EQM - “Experiência de Quase Morte”, transformam suas vidas radicalmente. Passam a viver melhor e aceitam todo e qualquer destino que lhe venham mudar mais ainda suas vidas. A maioria procura praticar mais a caridade. E somente nos Estados Unidos, ao longo desses últimos vinte anos são aproximadamente 10 milhões de pessoas que retornaram da morte para dizer que a vida continua.
Mas, sempre vai existir alguém duvidando dessas coisas. Não sabem que existem nos bons hospitais americanos máquinas ressuscitadoras das vítimas de paradas cardíacas. Esquecem que a diferença entre Brasil e EUA é a mesma de uma aldeia indígena para uma megalópole como São Paulo. Este país chamado Brasil, onde estamos mais para a dança tribal das eras passadas do que para um país realmente sério e desenvolvido.

Jeovah de Moura Nunes
Escritor e jornalista
Autor do romance “A cebola não dá rosas” entre outros livros.

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