sexta-feira, 6 de agosto de 2010

DE VOLTA AOS TEMPOS BÍBLICOS...



Diante das leis caninas do Irã ainda dos tempos de Jesus, o presidente Lula teve um acesso de caridade e ofereceu asilo à Sakineh Ashtiani, mulher condenada à morte por apedrejamento. Talvez para impressionar os eleitores da candidata Dilma, já que a oferta lulista foi realizada no sábado, dia 31 de julho, em pleno palanque eleitoral. Tanto que o Irã pouco se importou, mesmo repercutindo na imprensa de lá. A família de Sakineh vibrou e ganhou esperanças. Sakineh tem 43 anos. Já foi castigada com 99 chicotadas (o que significa basicamente 100). O grande “erro” dela foi manter relações sexuais com dois homens. O interessante nessas leis é que os homens não são castigados nas mesmas condições da mulher. Haja machismo! É como se a mulher fosse algo diabólico. O Irã no meu entender parou no tempo. Nascer na qualidade de mulher no Irá é o mesmo que nascer no inferno. Só o fato de andar a vida toda com aquela burca já é um castigo demasiado. Talvez, os tais sacerdotes de araque tenham medo das mulheres, já que elas são comprovadamente mais santificadas do que os homens.
Para alguns setores mais conservadores do Irã “Lula interferiu nos assuntos internos”. No entanto, o mundo civilizado não pensa assim. Mesmo porque aquela negociação de maio de um estranho acordo junto com a Turquia, o Irã não considerou interferência em assuntos internos, justamente porque houve um convite de Ahmadinejad quando decidiram o enriquecimento de urânio para um reator de “pesquisas” em Teerã, alegando jamais ser para a produção de uma bomba. Coisa que os EUA não acreditam e levou a considerar Lula uma pessoa inocente com intenções que não levam a lugar nenhum. Atualmente o Irã já atrapalha os laços comerciais entre o Brasil e os EUA. E, segundo informam os jornais atualizados, a deterioração nas relações entre Brasil e EUA está indo para o brejo, ameaçando os laços comerciais bilaterais. As áreas mais vigiadas por Washington são as manutenções de tarifas ao etanol e benefícios para produtos brasileiros. É, o povão adora Lula lá, agora vão conhecer os castigos difíceis da sobrevivência de seus “bons negócios”.
Só o fato de ter sido noticiado o apedrejamento de uma mulher até a morte já é um assunto público que revolta nossos mais íntimos sentimentos. Afinal, não estamos vivendo a era de Cristo. Já fazem mais de dois milênios que Ele esteve neste mundo, quando disse com todas as letras que os tais puritanos “podiam atirar a primeira pedra desde que estivessem sem pecados”. Como naquela época havia sinceridade o povo chateado retirou-se jogando as pedras de volta ao chão.
O advogado de Sakineh, Mohammad Mostafaei fugiu do Irã e foi para a Turquia. Sua esposa e o pai dela estão presos desde o dia 24 de julho e são reféns das “autoridades” do Irã. Eita paizinho esquisito. Mohammad agradeceu a Lula pela oferta de asilo de sua cliente. Em declarações à “Folha de S. Paulo”, o advogado de Sakineh disse que há mais de dois anos vem sofrendo uma pressão muito grande por parte das autoridades iraniana. Os casos dele têm importância internacional e o mais recente foi o “caso Sakineh”. A esposa de Mostafaei está presa numa solitária mais de 15 dias. Ela não cometeu nenhum crime e está numa situação horrível. Minha filha agora não tem a atenção nem do pai nem mãe.
O advogado agradeceu ao presidente Lula pela intenção de proteger a cliente dele, anunciando a aceitação de asilo. E acrescentou que tal atitude humanitária deveria ser repetida por todos os países do mundo e todos os chefes de Estado do mundo.
As religiões não são ruins. Ruins são os apóstolos do poder, os quais se acham no direito de fazerem o que quiserem, a exemplo do Irã, dominado por uma religião intolerável. Caso não estivessem no domínio do poder no Irã, os aiatolás seriam como nossas religiões brasileiras: obedientes ao poder estabelecido pelo povo e não por eles, sacerdotes. Atualmente em todo o mundo as religiões transformaram-se em bons negócios. Cada dia que passa aparece uma diferente, ou semelhante, mas com outras palavras e promessas. Nossos canais de TV estão abarrotados de pastores, padres e outras novas religiões. A TV do jeito que vai logo será abandonada pelos telespectadores, com exceção das pessoas vidradas em religiões.
Espero sinceramente que Sakineh escape dessa monstruosidade que foi e ainda é, no Irã, uma lei, lei abjeta, lei do cão, lei que não educa, lei sem nenhum sentido.

Jeovah de Moura Nunes
Escritor e jornalista, autor de “Memórias de um camelô” entre outros livros.


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